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sábado, 4 de junho de 2011

AS TÉCNICAS DO KARATE-DO PARTE 2


KARATE SHOTOKAN – TÉCNICAS BÁSICAS


 ILUSTRAÇÃO: BASES DO KARATE


1. BASES


Conforme Nakayama (1987), a aplicação dos golpes com postura adequada é fundamental, pois, no momento do impacto, se produz um forte contra-impacto (Ação e Reação, terceira lei de Newton), que para suportá-lo é importante a firmeza das articulações.
Para a obtenção do máximo de potência, é necessário ter equilíbrio e estabilidade, o que é alcançado com uma forma ou postura correta. Consideramos forma correta o posicionamento equilibrado do corpo desde a base (dachi) de sustentação até o ponto de contato com o adversário.
Quanto à base, é importante ter-se em conta que ao abaixar muito o centro de gravidade (base excessivamente longa), alcança-se maior equilíbrio, mas reduz-se a mobilidade. Portanto, é importante a utilização de uma base firme, porém elástica, que possibilite deslocamentos rápidos sem comprometimento do equilíbrio e da estabilidade. No kumite, isso significa base mais alta e flexível na preparação do golpe e base profunda e firme na finalização do golpe.
Através das técnicas básicas ou fundamentos, inicia-se o estudo do karatê. São movimentos de fácil aprendizado que devemos aperfeiçoar ao longo de vários anos de treinamento vigoroso e constante, a fim de alcançar maior eficiência.
            A forma correta de execução das técnicas proporciona melhor estabilidade articular para suportar o contra-impacto decorrente da aplicação das mesmas (tsuki e keri principalmente), aumentando o equilíbrio e possibilitando a rápida troca de posição do centro de gravidade. O que facilita a passagem de um movimento para outro em grande velocidade.
Uma boa base favorece o trabalho harmonioso de todo o corpo para a ampliação da potência dos golpes. Um ataque ou defesa forte é conseguido somente pela execução de bases corretas. Eles dependem de equilíbrio, liberdade para o giro do quadril, velocidade e força, que são necessários à realização do movimento. Eles dependem também, da cooperação dos músculos agonistas e antagonistas (coordenação da contração / descontração muscular), para alcançar uma forma firme e estável.
Cada base tem um objetivo e deve ser treinada corretamente. A descaracterização da base para torná-la mais confortável, reduz ou elimina a eficiência das técnicas de ataque ou defesa e desacelera ou estagna o progresso do praticante.

BASES MAIS UTILIZADAS

1.1. SHIZEN-TAI - Posição natural. Pernas estendidas, corpo ereto e relaxado, utilizando-se o mínimo de gasto de energia para mantê-lo nesta posição. Pode-se passar facilmente a posição de ataque ou defesa. Engloba diversas formas diferenciadas pela disposição dos pés. Renoji-dachi - pés em L, calcanhares alinhados com distancia de aproximadamente um pé entre eles.
Heiko-dachi - pés paralelos, alinhados, mantendo a distância da largura do quadril para mulheres, ou do ombro para os homens.
Heisoku-dachi - pés unidos, calcanhares e pontas dos pés tocam-se ligeiramente.
Musubi-dachi - pés abduzidos, apontando para fora, os calcanhares se tocam.

1.2. ZENKUTSU-DACHI - Posição avançada - Muito eficiente para trabalhar a força para frente nos ataques. É também utilizada nas defesas.
- Os pés afastam-se no plano sagital em aproximadamente 80 cm e lateralmente na largura do quadril, com toda a planta no chão. A ponta do pé da frente dirige-se para frente ou ligeiramente para o interior, enquanto o pé de trás dirige-se para frente o máximo possível.
- O joelho da perna da frente deve estar flexionado e o da perna de trás manter uma reserva para melhor fixação do tanden. Ambos encontram-se contraídos para fora. Traçando uma linha perpendicular do joelho ao chão, esta deve situar-se ao lado da base do hálux (dedão).
- 60% do peso do corpo são sustentados pela perna da frente, os 40% restantes, pela perna de trás.
- 0 tronco permanece perpendicular ao chão e fortemente assentado sobre o quadril em retroversão (quadril encaixado).

1.3. KOKUTSU-DACHI - Posição recuada - É uma postura muito forte, sendo bastante eficaz para defender ou esquivar para trás ou obliquamente e trocar rapidamente para zenkutsu-dachi no contra-ataque.
- Os pés encontraram-se alinhados e afastados no plano sagital em aproximadamente 80 cm. O pé de trás, apontado para o lado, suporta sobre toda planta 70% do peso do corpo, enquanto o pé da frente, apontado para frente, suporta os 30% restantes. Ambos formam aproximadamente um ângulo de 90° (graus) entre si.
- O joelho da perna de trás dobra-se para o lado e contrai-se fortemente para fora. Uma linha perpendicular ao chão, deve passar pelo meio do joelho e cair ao lado da base do hálux. O joelho da perna da frente acha-se ligeiramente flexionado e apontado para adiante.
- O quadril encaixado assenta o tronco perpendicular ao chão.

1.4. KIBA-DACHI - Posição de cavaleiro - É uma postura muito forte para a aplicação de golpes para os lados. Seu nome é devido à semelhança com a posição de cavalgar.

- Os pés se afastam no plano frontal em aproximadamente 80 cm, mantendo-se alinhados e paralelos. Aderem fortemente ao chão com toda planta.

- Os joelhos dobrados para frente com contração para fora, de forma que a linha perpendicular caia ao lado da base do hálux.

- O peso do corpo divide-se igualmente entre as duas pernas.

- A retroversão do quadril é importante na manutenção do equilíbrio. O tronco deve manter-se perpendicular ao chão.



1.5. SOCHIN-DACHI – Posição imóvel –  É uma combinação de zenkutsu-dachi com kiba-dachi, sendo a perna frontal zenkutsu e a perna de trás kibadachi. Os joelhos são totalmente dobrados, como em kiba-dachi, no entanto a posição dos pés é diferente. Posição excelente para partir-se da defesa para o contra-ataque, sendo considerada uma posição firme, segura.


OBS.: Em todas as bases acima, os joelhos devem ser forçados para fora, manter pressão para a parte externa do corpo e o quadril encaixado deve assentar o tronco perpendicular ao chão, mantendo o tanden em conexão com o kami-tanden (no centro da cabeça, entre as sobrancelhas, olhar e postura da cabeça em relação ao corpo).

BIBLIOGRAFIA

NAKAYAMA, Masatoshi. Karatê Dinâmico, Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo, SP, 2004.
NISHIYAMA, Hidetaka & BROWN, C. Richard.  Karate – The art of “empty hand” fighting, Charles E. Tuttle Company: Rutland, Vermont: Tokyo Japan, seventy-fourth printing, 1986. First edition-1960.
NAKAYAMA, Masatoshi. O Melhor do Karatê, Vol. 1 e 2, Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo, SP, 2002.
FUNAKOSHI, Guichin. Karate-do Nuymon – the master introductory text, KODANSHA INTERNATIONAL, New York, 1987.
SASAKI, Yasuyuki. Clínica de Esportes Karatê-dô, USP, Centro de Práticas Esportivas-CEPEUSP, São Paulo-SP, 1993.




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